quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Imaflora publica seu relatório anual 2010 - Balanço e ajuste de foco

Os 15 anos de atuação do Imaflora em auditorias de campo, no aprimoramento de práticas, na elaboração de padrões, nas discussões e testes de modelos, forneceram o conhecimento e a experiência necessários para que a instituição desse novo salto qualitativo, exposto no relatório de 2010. Concluído com algum atraso por conta da transição na secretaria-executiva, o balanço que acaba de ser divulgado, aponta para um “ajuste de foco”, nas palavras de Maurício Voivodic, o atual secretário-executivo. O posicionamento estratégico do Instituto para os próximos três anos privilegia ações públicas que contribuam para um modelo sustentável de uso da terra. Ou, na definição que consta no documento: “O Imaflora pretende ser uma ONG propositora de formas sustentáveis de uso da terra para a sociedade, protagonista na formulação, na implementação e no monitoramento de políticas de interesse público, facilitadora da interlocução entre empresas, comunidade e o setor público e ser referência no desenvolvimento e na aplicação de mecanismos de certificação socioambiental com credibilidade”

O que muda na prática? “Nossa ação passará a ser mais conectada com as questões regionais de desenvolvimento. Deixará de ser restrita a área certificada e ao seu entorno, por exemplo,” explica Maurício.
Ações – Em linha com a nova diretriz, o Imaflora acentuou suas ações em Piracicaba, sua cidade-sede. O projeto Piracicaba Sustentável, iniciado em 2009, recebeu uma dose extra de energia em 2010.

Desenvolvido com a intenção de sugerir políticas públicas mais sustentáveis para o município e, ao mesmo tempo, contribuir para a criação de mecanismos que fortaleçam a participação da sociedade civil, bem como do controle e transparência das ações do executivo e legislativo. O gestor ambiental Renato Morgado, um dos coordenadores do projeto, destaca duas ações como as mais relevantes ao longo de 2010: o Fórum de Gestão de Resíduos, realizado em parceria com outras ONGs, que trabalhou na análise do edital para o tratamento do lixo da cidade, processo que resultou na elaboração de 47 medidas que foram sugeridas ao poder público. E, o curso em parceria com a ESALQ, que capacitou cerca de 40 líderes comunitários, para uma atuação qualificada nas ações ambientais ligadas à Piracicaba. “As duas ações criaram um espaço de reflexão e mobilização da sociedade para a participação ativa nas políticas ambientais do município”, avalia Renato.

Muito além dos limites do município, o novo posicionamento referenda o trabalho desenvolvido em dois projetos: o da Terra do Meio, em parceria com o Instituto Socioambiental, no Pará, que busca apoiar o manejo florestal e fortalecer as atividades econômicas dos comunitários, independente da certificação. E o projeto Calha Norte, também no Pará, que visa a consolidação do maior mosaico de Unidades de Conservação do mundo, incluindo a formação dos Conselhos e a capacitação dos seus integrantes, de maneira a fortalecer suas ações em defesa da floresta.

Crescimento – No entanto, o novo posicionamento não implica em relegar à certificação um papel secundário. “Ela continua sendo de grande importância para o alcance de nossa missão” reforça Mauricio Voivodic.

Ferramenta que está na origem da fundação do Imaflora, os números da certificação ganharam novo impulso, em 2010, além de adesões significativas: O Imaflora foi a escolhida por algumas empresas que decidiram migrar de certificadora, tanto no caso de plantações florestais quanto de florestas naturais: “Acho que podemos dizer que é o reconhecimento do apuro técnico, da credibilidade e do trabalho que vimos desenvolvendo ao longo dos nossos 15 anos”, pondera o engenheiro florestal Leonardo Sobral. Dessa forma, embora a certificação de florestas naturais na Amazônia não tenha crescido, o Imaflora passa a ser responsável por uma área maior naquela região. Movimento semelhante ocorre com a certificação de comunidades, nas quais não há registro de novas certificações embora o número de famílias que passaram a integrar associações ou cooperativas já certificadas tenha aumentado.

Exceção feita a esses dois casos, a certificação cresceu em todos os outros setores: o número de empreendimentos de plantações florestais que conquistaram o selo FSC a partir de auditorias feitas pelo Imaflora cresceu significativamente: uma empresa, quatro áreas de proprietários fomentados e o início do processo de avaliação de outros cinco empreendimentos. A área certificada aumentou em 22% em relação ao ano anterior, chegando a 1,4 milhão de hectares.

Crescimento também no que se refere à certificação agrícola. A área total com o selo da Rede de Agricultura Sustentável cresceu quase 60% e em área de conservação 32%. O aumento do número de grupos de fazendas certificadas também é significativo, embora nem todas as notícias sejam positivas: 2010 também registrou pedidos de cancelamentos de certificados por falta de mercado comprador.

Marcos – Ainda assim, foi um ano marcante para a certificação agrícola. Houve a entrada de novos cultivos, como o da uva, a realização da primeira certificação do setor sucroalcooleiro, liderada pela Native e a primeira avaliação em uma fazenda com cultivo exclusivo de laranja, setores chave do agronegócio brasileiro e que tradicionalmente carregam problemas complexos, como o trabalho infantil ou análogo à escravidão. Foi em 2010 também que ficaram prontas as normas para a certificação da pecuária, em um longo processo conduzido pelo Imaflora no Brasil e América do Sul. “Esse resultado é impulsionado pelos consumidores que reconhecem a certificação como forma de garantir a conservação ambiental e o respeito aos trabalhadores e também pelos produtores que estão enxergando o processo como indutor de boas práticas e melhoria na gestão de suas propriedades”, diz Daniella Macedo engenheira agrônoma e coordenadora de certificação agrícola do Imaflora.

Debate – A certificação da pecuária é apenas um dos exemplos da participação intensa do Imaflora nos temas e na definição da estratégia da Rede de Agricultura Sustentável. Da mesma forma, não se furtou ao debate sobre o Código Florestal, alertando para a importância da ampliação das discussões com a sociedade. Ao lado de todas essas atividades, o Imaflora também reuniu seu time para a revisão do novo estatuto interno da entidade: “Pode parecer relevante apenas para os envolvidos, mas uma entidade se repensar e auto-avaliar é sinal de amadurecimento, de atualização, de reciclagem”, encerra Maurício Voivodic.








Clique aqui para ler a íntegra do relatório.

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