terça-feira, 20 de setembro de 2016

Observatório do Clima aponta caminhos para viabilizar a INDC brasileira para a agropecuária

O relatório analítico sobre as emissões de gases de efeito estufa (GEE) na agropecuária brasileira chama a atenção para a contribuição do setor no total das emissões brasileiras (23%) e, ao mesmo tempo, para o grande potencial de redução dessas emissões (50%) a partir da implementação de medidas orientadas para uma economia de baixa emissão de carbono e sem novos desmatamentos.

Com base nos dados atualizados do SEEG (Sistema de Estimativa de Emissão de Gases de Efeito Estufa), do OC, a agropecuária responde diretamente por 23% das emissões brasileiras totais. Nesse segmento, a pecuária de corte é a atividade que mais emite GEE (64%), seguida pela leiteira (12%) e pela aplicação de fertilizantes nitrogenados sintéticos (8%).

De acordo com a análise do Observatório do Clima, as metas anunciadas pelo Brasil em Paris são factíveis e coerentes para reduzir as emissões do setor, já que preveem a recuperação de extensas áreas de pastagens degradadas e a expansão de sistemas integrados com agricultura-pecuária-floresta, práticas capazes de sequestrar grandes quantidades de carbono. Por outro lado, politicas públicas para levar ao campo essas práticas e mecanismos de monitoramento para contabilizar seus benefícios ainda devem ser ajustadas. Os recursos do Plano ABC, por exemplo, que é a principal estratégia para reduzir as emissões da agropecuária, correspondem a menos de 2% de todo recurso disponibilizado pelo Plano Safra de 2015/16. Além disso, as emissões por solos agrícolas em degradação (cerca de 60 milhões de hectares) ou o sequestro de carbono em áreas recuperadas ainda não são monitorados.

“O que os estudos têm mostrado é que as emissões do setor podem cair pela metade até 2030, com aumento da produção e mais ganhos para o produtor”, diz Marina Piatto, coordenadora da área de Clima e Cadeias Agropecuária do Imaflora. Ela é coautora do relatório, juntamente com Ciniro Costa Júnior, também do Imaflora. “Com isso, a agropecuária poderia deixar de ser uma parte importante do problema e passaria a ser parte da solução, exercendo um papel decisivo para que o Brasil atinja as metas apresentadas na COP21, em Paris”, continua.

Para isso, recomenda-se a seguinte estratégia:

a) Desmatamento zero em todos os biomas;
b) Uso de áreas degradadas para expandir sistemas agrícolas de produção;
c) Ampliação do acesso à tecnologia e assistência técnica a todos os produtores rurais ;
d) Aumento dos recursos do Plano Safra dirigidos para o financiamento de práticas agrícolas de baixas emissões de carbono.
e) Monitoramento de toda agropecuária brasileira, identificando onde estão sendo implementadas as técnicas de baixas emissões.

Essas recomendações aparecem também no trabalho elaborado pelo Observatório do Clima e enviado ao Ministério do Meio Ambiente como contribuição da sociedade civil para a INDC brasileira.

Baixe aqui o relatório analítico do SEEG sobre emissões da agropecuária




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