Duas iniciativas de inovação na agricultura familiar,
desenvolvidas pelo Florestas de Valor, do Imaflora (Instituto de Manejo e
Certificação Florestal e Agrícola), na Amazônia Legal Brasileira, foram
selecionadas pelo programa: “Bota na Mesa”, promovido pelo Centro de Estudos em
Sustentabilidade da FGV (Fundação Getulio Vargas). O objetivo é fomentar
diretrizes públicas e empresariais para inclusão de produtos manejados
artesanalmente na cadeia de alimentos de órgãos governamentais e redes
varejistas.
As atividades irão compor uma carta, que será destinada a
governos municipal, estadual e nacional, além de empresas privadas, com
recomendações, demandas e alternativas. As iniciativas do Imaflora reconhecidas
pelo programa acontecem em duas cidades do Pará: São Félix do Xingu e Oriximiná
e tratam da inclusão de alimentos da agricultura familiar no PNAE (Programa Nacional
de Alimentação Escolar).
O Imaflora atua nas regiões, por meio do Florestas de Valor,
com o objetivo de estabelecer ferramentas para a conservação da
sociobiodiversidade, fomentar atividades produtivas e oportunizar a geração de
renda. O
Florestas de Valor conta com patrocínio da Petrobras e financiamento do BNDES /
Fundo Amazônia, Gordon e Betty Moore Foundation e USAID (Agência dos Estados
Unidos para o Desenvolvimento Internacional).
Mateus Feitosa, assistente de projetos do Imaflora, explica
que o enquadramento dos agricultores familiares quilombolas e indígenas à
chamada pública para alimentação das escolas em Oriximiná impactou
positivamente a educação nutricional e segurança alimentar de crianças e jovens
dos ensinos infantil, fundamental e médio do município.
“A partir da chamada, substituímos itens convencionais da
merenda escolar, industrializados, por alimentos da agricultura familiar, sem
uso de agrotóxicos, como farinha de mandioca, macaxeira e banana. Com isso,
contribuímos para a melhoria da alimentação escolar na cidade, aliando geração
de renda à conservação”, ressalta.
Em São Félix do Xingu, o Imaflora é parceiro da AMPPF
(Associação das Mulheres Produtoras de Polpa de Fruta), uma organização formada
por mulheres que plantam e colhem frutas produzidas em quintais agroflorestais,
dentro das suas casas. Elas produzem cacau, cupuaçu, açaí, maracujá, entre
outras culturas. A associação reúne produtoras de polpa artesanal das
comunidades de Maguary, Tancredo Neves e Nereu.
“Trabalhamos com questões de gênero e, através dos Quintais
Agroflorestais, implementamos estratégias de manejo, gerando renda e qualidade
de vida. Isso representa a valorização e o reconhecimento do agricultor
familiar da região, colocando essas mulheres no papel de protagonistas”, afirma
Celma Oliveira, analista de projetos do Imaflora.
A AMPPF reúne produtoras de polpa artesanal das comunidades de Maguary, Tancredo Neves e Nereu, no Pará |
Atualmente, o PNAE determina que, no mínimo, 30% dos itens da
merenda escolar sejam adquiridos de agricultores familiares. Em São Paulo, há
uma lei que prevê que, até 2026, 100% da alimentação escolar do município seja
proveniente da agricultura familiar.
Florestas de Valor - O Floresta de Valor fortalece as cadeias de produtos
florestais não-madeireiros, dissemina a agroecologia para que as áreas
protegidas e seu entorno contribuam para o desenvolvimento regional,
proporcionando condições dignas às populações locais e conservação dos recursos
naturais. O programa atua na conservação da floresta nas regiões da Calha Norte
do rio Amazonas, na Terra do Meio e no município de São Félix do Xingu. Saiba
mais aqui.
Imaflora - O
Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) é uma
organização brasileira, sem fins lucrativos, que trabalha desde 1995 para
promover a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais, gerar
benefícios sociais e reduzir os efeitos das mudanças climáticas. Veja mais em www.imaflora.org
Em Oriximiná, alimentos industrializados foram substituídos por itens da agricultura familiar |
Alimentos produzidos por agricultores familiares em Oriximiná fazem parte da alimentação escolar |
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