quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Investimento socioambiental ainda é baixo, revela estudo



Apesar de existirem organizações muito sólidas em defesa da conservação ambiental e que atuam com 100% do seu orçamento nesta causa, o Censo GIFE 2011-2012 apontou que, apesar de quase metade dos associados investirem em ambiente, o volume corresponde a 7% do investimento social da rede, totalizando R$ 158.992.668. 

"Isso indica que o investimento nessa área é, em geral, secundário em relação a outras áreas [apenas 4% declaram ser essa a principal área de atuação]. Além disso, muitas das ações nesse campo revelam-se pontuais", esclarece o secretário-geral adjunto do Gife, Andre Degenszajn. 

Porém há uma explicação para esse resultado. "Nos últimos dez anos, a questão do meio ambiente saiu da pauta nacional. Se, por um lado, temos posicionamentos internacionais importantes em conferências como, por exemplo, de clima, internamente temos uma desvalorização da função", explica a diretora-executiva da Fundação Grupo Boticário de Proteção à natureza, Malu Nunes. 

Ela critica ainda que a pasta de ambiente tem o penúltimo menor orçamento da União. "Essa postura vai se desdobrando para as empresas e consequentemente para as associações e fundações." 

Dentre os associados ao Gife que atuam na área de ambiente, educação ambiental é a principal temática, com 79% dos respondentes, seguida da operação com lixo, reciclagem, tratamento de resíduos e saneamento, com 61%. 

O Ipê (Istituto de Pesquisas Ecológicas) é um deles. "O fato de o investimento ainda não ser significativo preconiza um futuro bastante dúbio em relação à sustentabilidade no Brasil", diz e educadora ambiental Suzana Padua, fundadora da ONG com o biólogo Cláudio Padua, ambos da Rede Folha de Empreendedores Socioambientais. "Jovens que têm acesso a uma educação ambiental de qualidade adquirem uma consciência mais ampla de que fazem parte da natureza como um todo", completa. 

O Fundo Vale é outro exemplo de organização que apoia iniciativas estratégicas de conservação e uso sustentável dos recursos naturais. Em seu relatório de atividades de 2011, foi divulgado o investimento de cerca de R$30 milhões em projetos voltados à área ambiental. 

"Os investimentos tradicionais de responsabilidade social corporativa sempre focaram nos temas sociais, como educação, saúde e cultura, especialmente no Brasil, com uma visão baseada em filantropia. Os primeiros investimentos que vieram para a área de ambiente no país foram feitos por meio da cooperação internacional, com negociações via governo. Só recentemente o tema tem ganhado maior adesão por parte das empresas, com um olhar socioambiental", conclui a diretora de operações Vale Mirela Sandrini. 

"É preciso entender que o ambiente não depende só da conservação das florestas, mas tem também papel fundamental para a economia brasileira", afirma o engenheiro agrônomo Luís Fernando Guedes Pinto, do Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola), que desenvolve o trabalho de certificação socioambiental no Brasil com foco também no desenvolvimento local sustentável e que também integra a Rede Folha. "Precisamos descentralizar o investimento para que o país não corra atrás do prejuízo o tempo inteiro." 

Fonte: Empreendedor Social/Folha



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