sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental



Encontro reuniu jornalistas, acadêmicos, organismos oficiais e estudantes na discussão do desenvolvimento sustentável. 

A boa notícia é que somos muitos 

Brasília foi o local escolhido para sediar o V Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental, que aconteceu de 17 a 19 de outubro, promovido pela Rede Brasileira de Jornalistas Ambientais. O tema que permeou os debates ao longo desses dias foi “Objetivos do Desenvolvimento Sustentável”, que no jargão setorial, ganhou a abreviação de ODS.

Os painéis que discutiram “Economia Verde”, ”Uso dos recursos naturais e segurança alimentar”, “Geração de Conhecimentos e pagamento das contas dos ODS”, pareceram especialmente concorridos, e renderam discussões que passaram da plateia às conversas nos intervalos, chegaram às mesas dos dias seguintes e suscitaram discussões acaloradas, dúvidas e contrapontos: se houve uma marca comum a todos os painéis, diria que foi a do pluralismo. 

Perfis tão diversos quanto os da Ministra Izabela Teixeira, do cientista político Eduardo Viola, da pesquisadora independente Camila Moreno, da representante do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Luisa Madruga, do representante, da FAO, Gustavo Chianca e do economista mexicano Enrique Leff, para citar alguns, ciente da injustiça que o limite de caracteres nos leva a cometer, falaram, ou melhor, provocaram a plateia disposta a ouvir e responder, na mesma medida. 

Viola elencou os tópicos para se alcançar uma economia de baixo carbono, e, ao lado de fatores como aumento da eficiência energética, com redução do uso do carvão, aumento de energias limpas, ampliação da rede de saneamento básico, intensificação do uso de ferrovias e hidrovias, relacionou a necessidade de controle de natalidade nos países pobres, abrindo a primeira polêmica do Congresso. A ideia foi veemente contestada por Camila Moreno, que por sua vez, jogou novos desafios para reflexão: de acordo com ela, o carbono se apresenta como a moeda do futuro, mas corre o risco de ficar nas mãos dos mesmos grupos que detém a hegemonia da economia marrom, já que políticas como as de REDD, por exemplo, para obterem sucesso, pressupõem uma forte atividade econômica, nos moldes atuais.

Migrando para outra área onde a atuação do Imaflora é intensa, a agrícola, Gustavo Chianca, da FAO apresentou os dados do último relatório sobre insegurança alimentar, divulgado no dia 1º de outubro: são 842 milhões de pessoas com fome, embora o último decênio tenha acusado um decréscimo. O desperdício de alimentos, segundo o relatório é de 1,3 bilhão de toneladas, o que seria suficiente para alimentar essa população, sem que seja necessário aumentar a área plantada. Ainda segundo a exposição de Chianca, a atividade agrícola responde pela emissão de 30 bilhões de toneladas de carbono por ano, além de consumir 70% da água doce do planeta. Ele encerrou sua participação reafirmando a posição do médico e geógrafo Josué de Castro, que foi presidente do Conselho Executivo da FAO nos início dos anos 50 de que a fome não é apenas uma questão restrita á produção de alimentos, e sim, uma questão política.

E se velhos problemas ainda permanecem atuais ou se nem todas as questões postas são inéditas, a boa notícia que vem de Brasília é a de que somos muitos, com a mesma preocupação e somando esforços na busca de caminhos melhores e mais responsáveis com o os recursos do planeta e com o ser humano. 

Fátima Nunes é jornalista, graduada pela Faculdade Cásper Líbero com especialização em Comunicação Empresarial pela ESPM. Atuou em diversos veículos da grande imprensa e é da equipe de comunicação do IMAFLORA. 



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