quarta-feira, 18 de junho de 2014

Pequenos produtores de cacau da Amazônia fecham acordo de R$ 1 milhão com indústria de chocolates finos




As 150 toneladas de cacau produzido em São Félix do Xingu serão entregues ao longo da safra, que termina em outubro

Um grupo de pequenos produtores de cacau de São Félix do Xingu, no Pará, embarcará de agora até o mês de outubro o equivalente a uma carga de cento e cinquenta toneladas do produto para a Indústria Brasileira do Cacau – IBC, localizada no interior paulista. O acordo comercial de R$ 1 milhão acaba de ser firmado e é apenas o primeiro de uma série de negócios que os agricultores da região devem fechar com a indústria de chocolates finos.

No ano passado, a pedido do IMAFLORA – Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola, o cacau da região de São Félix passou pelo crivo de testes profissionais, entre eles o da Indústria Brasileira de Cacau – IBC e da Cacau Show. Aprovado como um cacau de Tipo 1 – destinado à fabricação de chocolates finos –, o produto ganhou ainda mais destaque na vitrine nacional e internacional.

“Há bons negócios no horizonte”, anima-se Marcos Fróes Nachtergaele, a cooperativa comercializa por safra em média 2000 toneladas de cacau e este ano já se comprometeu em produzir 150 toneladas de cacau tipo I para IBC.

O trabalho na região se dá em parceria com a CAMPPAX – Cooperativa Alternativa Mista de Pequenos Produtores do Alto Xingu a ADAFAX – Associação para o Desenvolvimento da Agricultura Familiar do Alto Xingu. O projeto conta com patrocínio da Petrobras desde 2013 e participa do Programa Petrobras Socioambiental, um dos instrumentos da política de responsabilidade social da companhia.


SOMBRA E ÁGUA FRESCA – Com sistemas de produção conhecidos como agrofloresta, as árvores do cacau são plantadas à sombra de outras espécies e ajudam a recuperar áreas degradadas. “O cacau recompõe a paisagem nativa, favorece a regeneração da floresta e a recuperação de fontes de água limpa, ao mesmo tempo em que gera significativa renda ao produtor”, explica o especialista do IMAFLORA.

Ele explica que o cacaueiro, por ser nativo da Amazônia, desfruta de ambiente ideal para crescer na região, principalmente pela abundância de água e as defesas naturais contra o ataque de pragas, reduzindo a aplicação de fungicidas. Os frutos apresentam a tonalidade avermelhada, aroma frutado, mais nutrientes e manteiga na quantidade exata. As técnicas de cultivo com podas constantes e o processo de beneficiamento (quebra dos frutos, fermentação ideal e seleção das amêndoas) agregam ainda mais qualidade ao cacau produzido em São Félix.

Atualmente, Marcos Nachtergaele coordena o apoio aos agricultores familiares na recomposição das matas ciliares, áreas florestais, reservas legais e auxilia na interpretação do novo Código Florestal, para que os proprietários possam se adequar ao Cadastro Ambiental Rural (CAR). O especialista acredita que a organização das famílias em cooperativas, a adequação socioambiental das propriedades e o domínio de tecnologias apropriadas ao manejo do cacau fazem com que os pequenos produtores sintam-se motivados a permanecer nas áreas rurais, criando condições para o surgimento de cadeias produtivas sustentáveis.

Estabelecer e fortalecer os elos dessas cadeias são parte do trabalho do IMAFLORA na região. Com a cultura cacaueira que floresce em São Félix, as grandes indústrias começam a se aproximar. E elas querem grande quantidade de matéria prima de alto padrão. Mas já começam a exigir também que o produto seja “correto” do ponto de vista ambiental e social, explica a especialista do IMAFLORA. O cacau desses produtores de São Félix cumpre todos esses requisitos.

“O importante dessa iniciativa é a estratégia de ganha – ganha. Nós do IMAFLORA fizemos a aproximação de uma cooperativa de agricultores familiares (CAMPPAX) de São Félix do Xingu interessados na agregação de valor do seu cacau junto com uma empresa focada na produção de matéria prima para chocolates (IBC), gerando ganhos a todos os elos da cadeia”, destaca Eduardo Trevisan Gonçalves, da área de Projetos de Mercados Agrícolas, do IMAFLORA.
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Sobre o projeto Florestas de Valor
O projeto Florestas de Valor existe para fortalecer as cadeias de produtos florestais não madeireiros, disseminar a agroecologia e conservar a floresta em três regiões do estado do Pará: na Calha Norte do rio Amazonas, na Terra do Meio e no município de São Félix do Xingu. O projeto apoia a implantação de sistemas produtivos responsáveis, conecta extrativistas e empresas na lógica do mercado ético e busca sensibilizar a sociedade para o consumo consciente de produtos florestais e para a conservação dos recursos naturais. Saiba mais em www.imaflora.org/florestasdevalor  


 



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