terça-feira, 5 de abril de 2016

Seminário reúne pesquisas que apontam ganhos econômicos para quem investe em sustentabilidade

Pesquisas baseadas em dados primários mostram que conduzir um negócio agropecuário com o devido tratamento às questões ambientais e sociais pode se traduzir também em melhores resultados econômicos. Cientes de que essa constatação se contrapõe ao senso comum de que sustentabilidade é um custo, profissionais do Imaflora, do Cepea/Esalq, do Rabobank e do Sebrae-MG realizam seminário para apresentar estudos de caso que têm em comum a análise do desempenho econômico de negócios conduzidos com enfoque sustentável. Ainda que as conclusões obtidas não devam ser generalizadas, é animadora a correlação positiva identificada nas três pesquisas entre “sustentabilidade” e melhora do rendimento econômico.

O evento (gratuito) centrado na “Dimensão Econômica da Sustentabilidade na Agropecuária Brasileira” acontece no dia 12 de abril, no campus da Esalq/USP (Piracicaba), das 14 às 18 horas. A dinâmica prevista pelos realizadores combina a apresentação de pesquisas e mesa-redonda para discussão técnica. Entre os participantes especializados da mesa, está confirmado o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, atualmente na FGVAgro.

O primeiro estudo a ser apresentado traz uma avaliação das políticas de sustentabilidade do Rabobank no resultado econômico de produtores rurais. A análise feita por profissionais do Cepea/Esalq, do Imaflora e Rabobank combinou o uso de três metodologias aplicadas aos dados criptografados do cadastro de clientes do banco – nenhuma identidade foi relevada à equipe de pesquisa. Em linhas gerais, constatou-se que quanto maior o desempenho socioambiental, maior tende a ser a saúde financeira do produtor e vice-versa. A política, os incentivos e o acompanhamento do Banco teriam o efeito de induzir a uma melhoria contínua socioambiental dos seus clientes. No Brasil, no entanto, a maior parte do crédito ao setor agropecuário ainda considera de maneira marginal os aspectos socioambientais.

Outra pesquisa está centrada no desempenho de propriedades de café. O comparativo foi feito entre fazendas com e sem certificação socioambiental. A amostra reuniu dados de 78 fazendas do cerrado mineiro participantes do Programa Educampo do Sebrae-MG, no período de 2008 a 2013. Pesquisadores do Cepea/Esalq, Imaflora e, neste caso, também do Sebrae identificaram que a certificação leva a melhoras na gestão e eficiência do negócio que elevam a sua rentabilidade, mesmo sem que o preço do café obtido por fazendas certificadas seja maior.

No mesmo sentido, o estudo desenvolvido por pesquisadores do Imaflora e da Universidade de Oxford também constatou correlação positiva entre a conformidade de critérios de gestão e desempenho social e ambiental de fazendas de café certificadas. Essa pesquisa teve como base informações de 435 auditorias realizadas em 80 fazendas individuais e 23 grupos de fazendas de café certificadas entre 2006 e 2014. Foi apontado o alcance de um sistema de gestão eficiente e, portanto, alto desempenho é possível tanto para grandes quanto médios e pequenos produtores, podendo ser implementado por meio de ações coletivas, que permitem ganhos de escala.

Serviço

Seminário “Dimensão Econômica da Sustentabilidade na Agropecuária Brasileira”
Dia 12 de abril, sala BM&F, na Esalq/USP (Piracicaba), das 14 às 18 horas
Inscrição gratuita (vagas limitadas): http://fealq.org.br/informacoes-do-evento/?id=396



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