A
certificação florestal vive um marco no Brasil. Pela primeira vez, uma empresa
que comercializa madeiras tropicais e faz o manejo florestal em uma grande área
na Amazônia completa o terceiro ciclo de certificação, ou 15 anos com o selo
FSC® (sigla para Forest
Stweardship Council®). A cerca de 1.800 quilômetros
de lá, no estado do Acre, o Seringal Porto Dias, que é uma comunidade extrativistas,
comemora os primeiros 10 anos de certificação e confere os benefícios alcançados.
Com
uma serraria em Itacoatiara, no Amazonas, e responsável pelo manejo de, aproximadamente,
150 mil hectares de vegetação nativa nos municípios de Itacoatiara, Silves e
Itapitanga, a Mil Madeiras, subsidiária da suíça Precious Woods, foi pioneira no Brasil na aplicação dos princípios
e critérios do FSC em campo e na utilização do Padrão para Manejo Florestal em Terra Firme da
Amazônia, adaptado àquela realidade pela iniciativa nacional do FSC.
Para
Leonardo Sobral, engenheiro florestal e gerente de certificação do Imaflora, a
existência de uma floresta com 15 anos de monitoramento já é uma preciosidade. “Esse
período nos permite avaliar o resultado do manejo florestal em áreas que
passaram por exploração, conferir e mensurar a recomposição da floresta, a
dinâmica das espécies florestais, da fauna, dos recursos hídricos, do carbono.
Com exceção de pesquisas científicas específicas, é a primeira vez que podemos
observar esses resultados em uma área comercial”. Para ele, a associação entre
boas práticas de manejo e a certificação socioambiental acrescenta um
componente de segurança ao processo, porque assegura a manutenção da floresta
em pé.
Os
3 mil e 500 hectares
da Associação Seringueira Porto Dias, no município de Acrelândia, certificados
na mesma época são testemunhas dessa associação: selo e manejo tem garantido o
fornecimento de tacos, laminados e tábuas à Cooperfloresta, que comercializa a
produção dos comunitários e vem assegurando aumento de renda às, aproximadamente,
180 famílias Cooperadas.
De
lá, quem relata a experiência dos 10 anos dos efeitos do selo FSC sobre a
floresta e a comunidade é um antigo líder da região, Antônio Teixeira Mendes,
conselheiro do Assentamento Agroextrativista Chico Mendes e primo do seringueiro
assassinado. Conhecido como Sr. Duda, ele conta que a comunidade aprendeu muito
com as técnicas de manejo introduzidas pela certificação. “Olhando para trás, a
gente percebe que a floresta é mesmo um banco de sementes, é só fazer direito.
Cortando a árvore que já terminou seu ciclo de vida, no ano seguinte, a mesma
espécie, e às vezes outras, voltam a nascer”, diz ele, lembrando que só foi
possível perceber o que a floresta significava na vida de cada um a partir das
reuniões promovidas por conta da certificação e que agora a comunidade entende
porque conservá-la. Aprendizado sintetizado em poucas palavras: “a floresta é o
nosso caixa eletrônico”.
Floresta em pé não existe. Acertemos o conceito.
ResponderExcluirÉ o mesmo que dizer: "pessoa viva", "aves com penas", "subir para cima", etc.
Demonstra desconhecimento e postura leiga frente um tema aparentemente simples. Vira jargão que promove o desgaste e mistificação de modo simplório. Da mesma forma que rendimentos florestais sustentáveis foram distorcidos para forjar o jargão da sustentabilidade, estendido para qualquer tipo de extração de recurso, renovável ou não.
Amadores e leigos podem usar tais conceitos, mas não profissionais e técnicos
Caro José,
ExcluirObrigado por seu comentário e crítica em relação aos termos utilizados no título de nosso artigo. O fato é que a floresta continua em pé e é isso que tentamos destacar e comemorar com este artigo, especialmente pois se tratar de um setor em que, como você deve ter conhecimento, a maior parte dos planos de manejo florestal aprovados a quinze anos atrás, hoje se localiza em lugares onde não existe mais floresta, o que realmente é um problema sério. Mas você tem razão. Poderíamos ter escolhido um termo melhor para expressar este fato. Sua crítica nos fará ser mais cuidadosos em futuros artigos deste gênero, especialmente quando empregarmos termos ou expressões não técnicos.
Um abraço!