Esses serviços adicionam valor à floresta em pé e aos
produtos da sociobiodiversidade.
A Cooperativa dos Produtores
Agroextrativistas do Bailique (AmazonBai), arquipélago a 160 quilômetros de
Macapá, conquista mais uma etapa no desenvolvimento sustentável da região. Além de ter o único açaizal certificado e a
primeira certificação de cadeia de custódia para o produto açaí do mundo,
alcança agora um novo patamar com a certificação FSC® para manutenção dos
estoques de carbono e proteção à biodiversidade.
“Hoje temos o primeiro manejo de açaí certificado FSC do
mundo; e a certificação de serviços ecossistêmicos vai ajudar muito a dar maior
visibilidade”, diz Geová Alves, presidente da Associação das Comunidades
Tradicionais do Bailique (ACTB), criadora da AmazonBai. “Além disso, nosso
objetivo aqui é ter a certeza de que a gente, da forma como estamos cuidando
dos nossos manejos e florestas, está realmente contribuindo para a manutenção
da biodiversidade”, completa.
Basicamente, os serviços ecossistêmicos são benefícios
que obtemos da natureza, direta ou indiretamente. Vão desde a purificação do ar
e da água, sequestro de carbono e manutenção do solo fértil até a mitigação de
fenômenos climáticos mais impactantes à sociedade e economia. “Manejadores de
áreas florestais que fazem o uso correto do solo, dos recursos hídricos e
preservam a biodiversidade devem ser recompensados e reconhecidos por isso,
criando assim uma relação de incentivo econômico à conservação desses valiosos
recursos”, explica Aline Tristão Bernardes, diretora executiva do FSC Brasil.
O Procedimento de Serviços Ecossistêmicos do FSC entrou
em vigor no final de 2018 e tem como principal objetivo fornecer aos
proprietários florestais, sejam eles pequenos produtores e comunidades ou
grandes empresas, ferramentas para medir, verificar e comunicar seus impactos
positivos.
Desde 2016, quando obteve a certificação do FSC para o
manejo florestal, a produção de açaí do Bailique vem ganhando força no mercado
nacional e internacional. Além de tirar os atravessadores das suas negociações
e ter exportado pela primeira vez em 2017, a cooperativa conseguiu, no ano
passado, montar um entreposto e a Casa do Açaí, o que permitiu a eles vender o
fruto in natura e a polpa certificada.
Agora, os produtores vão além e recebem a primeira
certificação FSC para serviços ecossistêmicos do Brasil. Aline esclarece que o
novo Procedimento irá aumentar a confiança dos governos, investidores,
compradores e empresas e “com essa conquista, a comunidade agrega valor à sua
imagem e aos seus produtos, tendo acesso mais fácil à investimentos e
subsídios”, reforça.
Este processo foi apoiado pela Cooperação Brasil Alemanha
para o Desenvolvimento Sustentável, por meio da parceria entre o Ministério do
Meio Ambiente (MMA) e a Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit
(GIZ) GmbH. A implementação foi feita no âmbito do Projeto Ação do Setor
Privado para a Biodiversidade, como parte da Iniciativa Internacional para o
Clima (IKI, sigla em alemão). O Ministério Federal do Meio Ambiente, Proteção
da Natureza e Segurança Nuclear (BMU, sigla em alemão) apoia esta iniciativa
com base numa decisão adotada pelo Bundestag.
Junia Karst, do Imaflora, também ressalta que a produção
de açaí tem como pilar o fortalecimento da economia comunitária inclusiva, em
que parte das vendas é revertida à Escola Família Agroextrativistas do Bailique
- EFAB. “Reconhecer os serviços prestados pela aplicação das boas práticas de
manejo é um grande passo para dar ainda mais valor a esse processo, que garante
um produto livre de passivos socioambientais”, diz.
Iniciativas como a da AmazonBai têm uma importância
extraordinária, principalmente no contexto atual onde já fica caracterizada a
insuficiência das medidas tomadas pelos países signatários do Acordo de Paris
em manter o aumento da temperatura média global em menos de 2°C acima dos
níveis pré-industriais até o fim deste século, bem como das partes integrantes
da Convenção sobre a Biodiversidade Biológica em atingir as Metas de
Aichi.
O manejo dos açaizais assegura a manutenção da cobertura
florestal e assim, por consequência, a conservação dos estoques de carbono e a
preservação da diversidade de espécies. Assim, a valorização do açaí do
Bailique tem um papel fundamental na geração de importantes serviços
ecossistêmicos, enquanto que a certificação FSC contribui para que estes
benefícios sejam ampliados e mantidos em definitivo.
Sobre o FSC Brasil
É uma organização independente, não governamental, sem
fins lucrativos, que promove o manejo florestal responsável ao redor do mundo
desde 1994. Com sede na Alemanha, está presente em mais de 80 países. O FSC é o
sistema de certificação florestal de maior credibilidade internacional e o
único que incorpora, de forma igualitária, os interesses de grupos sociais,
ambientais e econômicos.
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site.
Esta é uma excelente notícia. Experiências exitosas como a Amazonbai devem ser replicadas por toda a Amazônia profunda. O grande desafio será o de imprimir escala ao processo de certificação dos serviços ecossistêmicos proporcionados por outros produtos da sociobiodiversidade amazônica. Estão de parabéns todas as organizações envolvidas nesta empreitada.
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